Não se sabe exactamente onde nasceu: Barcelos? Guimarães?
Pires de Lima propôs Guimarães para sua terra-natal - hipótese essa que estaria de acordo com a identificação do dramaturgo com o ourives, já que a cidade de Guimarães foi durante muito tempo berço privilegiado de joalheiros. O povo de Guimarães orgulha-se desta hipótese, como se pode verificar, por exemplo, na designação dada a uma das escolas do Concelho (em Urgeses), que homenageia o autor.
Gil Vicente é geralmente considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Há quem o identifique com o ourives, autor da Custódia de Belém, mestre da balança, e com o mestre de Retórica do rei D. Manuel.
Enquanto homem de teatro, parece ter também desempenhado as tarefas de músico, actor e encenador. É frequentemente considerado, de uma forma geral, o pai do teatro português, ou mesmo do teatro ibérico já que também escreveu em castelhano – partilhou a paternidade da dramaturgia espanhola com Juan del Encina.
A obra vicentina é tida como reflexo da mudança dos tempos e da passagem da Idade Média para o Renascimento, fazendo-se o balanço de uma época onde as hierarquias e a ordem social eram regidas por regras inflexíveis, para uma nova sociedade onde se começa a subverter a ordem instituída, ao questioná-la. Foi, o principal representante da literatura renascentista portuguesa, anterior a Camões, incorporando elementos populares na sua escrita que influenciou, por sua vez, a cultura popular portuguesa.
Morreu em lugar desconhecido, talvez em 1536, porque é a partir desta data que se deixa de encontrar qualquer referência ao seu nome nos documentos da época, além de ter deixado de escrever a partir desta data.
Obras
. Auto do vaqueiro ou Auto da visitação (1502)
. Auto pastoril castelhano (1502)
. Auto dos Reis Magos (1503)
. Auto de São Martinho (1504)
. Quem tem farelos? (1505)
. Auto da Alma (1508)
. Auto da Índia (1509)
. Auto da Fé (1510)
. O velho da horta (1512)
. Exortação da Guerra (1513)
. Comédia do viúvo (1514)
. Auto da Fama (1516)
. Auto da barca do inferno (1517)
. Auto da barca do purgatório (1518)
. Auto da barca da glória (1519)
. Cortes de Júpiter (1521)
. Comédia de Rubena (1521)
. Farsa de Inês Pereira (1523)
. Auto pastoril português (1523)
. Frágua de amor (1524)
. Farsa do juiz da Beira (1525)
. Farsa do templo de Apolo (1526)
. Auto da nau de amores (1527)
. Auto da História de Deus (1527)
. Tragicomédia pastoril da Serra da Estrela (1527)
. Farsa dos almocreves (1527)
. Auto da feira (1528)
. Farsa do clérigo da Beira (1529)
. Auto do triunfo do Inverno (1529)
. Auto da Lusitânia, intercalado com o entremez Todo-o-Mundo e Ninguém (1532)
. Auto de Amadis de Gaula (1533)
. Romagem dos Agravados (1533)
. Auto da Cananea (1534)
. Auto de Mofina Mendes (1534)
. Floresta de Enganos (1536)
Auto da Barca do Inferno:
Nesta obra as pessoas que morrem dirigem-se a um porto onde estão duas barcas; uma é a barca da Glória e a outra é a barca do inferno. Aí são julgadas e o seu destino é irem para o inferno ou para o céu. Quase todas as pessoas vão para o inferno por todo o mal que fizeram ao longo da sua vida e poucas irão para o céu pois são poucas ou nenhumas as que não erraram.
Sem comentários:
Enviar um comentário